



Caminhos percorridos
pela Arte do Alixa
Depois de passar algum tempo envolvido na administração pública, como professor universitário, decidir cuidar de minha carreira artística com mais atenção, dando possibilidade de explorar o mercado de arte na atualidade. Mas, mesmo envolvido com a administração pública e pesquisa acadêmica, nunca deixei de ser criador, apenas optei por usar outras ferramentas para isso.
Passei a desenhar e pintar por meio do computador e fui descobrindo uma variedade imensa de possibilidades de fazer arte com essa ferramenta: pensar, refletir e construir imagens. Afastei-me do ateliê físico e instalei o ateliê eletrônico, no entanto tenho voltado a me relacionar com o espaço local do ateliê dia a dia, fazendo com que se torne mais acirrada a forma com que tenho encarado as atuais possibilidades criadoras e de exposições: pretendo dar visibilidades às obras que estou criando no momento.
Tenho procurado traduzir o imagismo amazônico, usando técnicas como gravura digital e histórica, isso me faz potencializar a busca por um modo autêntico de criação, sintonizando a arte e a espiritualidade, a generosidade e leveza como polos de um desafio cravado em meus sentidos na forma de poesia visual.
De 1979 a 1999, residir em Belém do Pará, realizei oito exposições individuais em galerias e museus brasileiros, sempre mediado com a temática que mais me importa até hoje a Visualidade Amazônica. Explorei o imagismo da cerâmica tapajônica, o zoomorfismo amazônico, o antropomorfismo das mulheres caboclas amazônicas, as paisagens ribeirinhas, formatos dos artefatos indígenas, pintura corporal indígenas – explorando os signos visuais e modos de experimentar outros signos, tomando como referência o pensar a arte corporal –, e o antropomorfismo visual dos grupos indígenas no Estado do Pará – ideais decolonialista. Enfim, estes 30 anos foram de intensa busca, encontro e sempre a procura de algo. Percebi que aprendi a descolonizar-me, bem como a antropofagizar as culturas estéticas estrangeiras, promovendo resultados instigadores e as vezes a incomodar o juízo visual do público colonizado.
De 2000 a 2020, mudei de território, passei a residir em Marabá, na Amazônia Oriental, região dos Carajás – sudeste do Estado do Pará, dividindo-me com a docência universitária no serviço público federal, mas sempre me mantendo um criador nas artes visuais. Passei a intensificar meu processo criativo pelas madrugadas, no meu ateliê eletrônico. Com essa prática partir para a pesquisa da gravura eletrônica e produzir uma infinidade de imagens visuais, explorando a visualidade dos elementos que surgiam inarticulado no campo do meu olhar cotidiano. Realizei 9 exposições individuais, sendo 4 com gravura eletrônica em Gicleé e mais de uma dúzia de participações em exposições coletivas e outras curadorias, bem como dirigir produções de arte mural em oficinas e cursos com professores e artista na Amazônia Oriental. Mas foi a partir de 2017 que busquei intensificar a pesquisa com a gravura digital e encontrei um processo de realizar gravura digital (em diálogo com outros professores da universidade), criando assim o modo de fazer a matriz de múltiplas cores para imprimir com o jato de tinta (com pigmento mineral) as estampas finalizadas. Isso foi um achado e tenho praticado e construído gravura digital até hoje com esse método.
Publiquei como único autor e em parceria na universidade artigos como: - Por que introduzir o processo de Xilogravura Histórica e Digital no sudeste do Pará? – Arte e Tecnologia da Imagem Gráfica Digital: da gravura histórica à inovação eletrônica e endoestética na Amazônia contemporânea - Paisagens Digitais: Ensaio Visual de Digigravura. Nesse interim, publiquei ainda dois livros resultantes da pesquisa no mestrado e doutorado: A Dimensão Estética do Brinquedo e Comunicação Estética da Criança: estudo topológico da imagem televisual.
Tenho obras espalhadas pelo mundo e coleções particulares no Brasil, Guiana Francesa, México, Colômbia, Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, Nova Zelândia. E Museus brasileiros como Museu de Arte do Estado do Pará, Museu de Arte de Florianópolis, Museu de Arte de Belém, Museu da Universidade Federal do Pará.
Agora, a partir de 2020, minha preocupação centra-se nos modos expográficos de exibir a obra de arte na contemporaneidade. Preocupo-me com o mercado de arte fora do eixo Rio-São Paulo, na Amazônia do sudeste paraense. Minha vida artística tem tomado novos rumos a partir de 2021, como artista plástico e visual tenho, aos poucos, ganhado espaços significativos nesse mercado, agora marcado com a presença on-line sem sair da Região dos Carajás. Participo ativamente de exposições on-line, cultivando as redes sociais e marketplaces para entregar minha produção artística, como artistas independente, e abrindo espaço expositivos com grupos em São Paulo e outros no âmbito internacional.